Shibari é uma prática que envolve a técnica de amarrar e atar cordas em diferentes partes do corpo para criar formas e padrões únicos. Embora seja frequentemente associado ao BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo), a sua aplicação pode ir além da sexualidade e do prazer erótico.
As cordas são colocadas em posições específicas, criando um padrão considerado esteticamente agradável. A prática envolve comunicação entre o amarrador (rigger/top) e o amarrado (rope bunny/bottom) para garantir a segurança e o bem-estar de ambos. A técnica tem ganhado popularidade em todo o mundo, inclusive no Brasil. Um dos nomes mais destacados da prática é o rigger Turo, que começou sua jornada no Shibari devido à paixão pela fotografia, fascínio pela estética japonesa e simetria da arte. A perfeição das formas e padrões criados despertou interesse e o levou a explorar a arte milenar através das lentes da câmera, encontrando um meio de capturar a beleza das amarras.
Exibida em eventos culturais em todo o mundo, Turo afirma que a técnica pode ser apreciada como arte visual, com os nós criando formas que são verdadeiras obras. A arte requer habilidade e técnica, bem como uma compreensão profunda do corpo humano e das emoções. Para os praticantes, a ação não é apenas amarrar alguém, mas criar uma conexão profunda com o parceiro. O processo de amarrar e desamarrar é lento e deliberado, com foco na ligação entre as pessoas envolvidas. “A beleza, vulnerabilidade, poder, submissão e a conexão humana são apenas algumas das emoções e ideias que podem ser expressas por meio dessa forma de arte única. Cada amarração conta uma história, transmitindo mensagens sutis ou provocativas, dependendo da intenção do amarrador”, afirma o especialista.
Para Turo, performances ao vivo têm sido meios poderosos de divulgação e apreciação do Shibari como arte. Exposições e galerias online têm abraçado essa prática, levando-a a um público mais amplo e promovendo o diálogo sobre a sexualidade e a expressão corporal. “As performances são espetáculos visuais, onde o corpo é o protagonista. A combinação das amarrações com a música e a iluminação cria uma experiência sensorial completa para os espectadores. O movimento fluido das cordas, a energia compartilhada entre o amarrador e o modelo transmitem uma intensidade emocional que cativa a plateia”, destaca.
A fotografia também tem desempenhado um papel fundamental na divulgação e exploração do Shibari como expressão artística. Por meio das lentes, as poses, nós e emoções são eternizadas em imagens impactantes. A simbiose entre a fotografia e o Shibari permite que cada detalhe seja meticulosamente capturado, enfatizando a textura das cordas e a intimidade entre os envolvidos. As composições fotográficas exploram a luz e a sombra, criando uma atmosfera única que transporta o espectador para um universo paralelo repleto de sensações e desejos.
Nas mãos dos amarradores, as cordas ganham vida, contando histórias silenciosas para quem tem a oportunidade de testemunhar “O Shibari transcende o mundo do fetiche como uma manifestação profunda, capaz de tocar não apenas os sentidos, mas a essência da nossa própria humanidade. É um convite para explorar os limites da estética, do erotismo e da conexão. É testemunhar a criação de verdadeiras obras de arte em movimento, onde as cordas se transformam em pincéis e o corpo se torna a tela. Uma experiência que vai além de palavras, revelando a profundidade da expressão humana”, finaliza.