Saiba porque transtornos de ansiedade podem estar relacionados a fatores genéticos

A ansiedade é uma reação emocional que pode estar presente em qualquer momento da vida e ser causada por diferentes situações. É um recurso importante e funcional para o organismo humano, pois é responsável pela adaptação em casos desconhecidos, além de ser encarregada de alertar o corpo e a mente em momentos de perigo. A ansiedade se torna um transtorno quando manifestada de modo exagerado e persistente, atrapalhando diferentes áreas da vida, tornando-a disfuncional.

Os transtornos de ansiedade podem ser entendidos como uma combinação de fatores genéticos e ambientais, conforme explica o médico Vital Fernandes Araújo, pós-graduado em Psiquiatria. Ele lembra que, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), quatro tipos desse transtorno são englobados em seu conceito: “O Transtorno de Pânico, o Transtorno Obsessivo Compulsivo, o Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social e o Transtorno de Ansiedade Generalizada”.

Sobre o Transtorno de Pânico, o médico afirma que esse surge a partir de um ataque de pânico, com início repentino, que dura aproximadamente 10 minutos. Durante a crise, o indivíduo apresenta sensação de sufocamento, de falta de ar, sensação de morte, taquicardia, tontura, suor excessivo, sensação de perda do controle, dor ou desconforto torácico e perturbações gastrointestinais.

“Já o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), o indivíduo apresenta obsessões, pensamentos, imagens ou impulsos recorrentes e se sente obrigado a realizar comportamentos em resposta a essas obsessões, seja para neutralizá-las ou mesmo como regra para aliviar os sentimentos decorrentes das obsessões. O transtorno é caracterizado por compulsões que forçam o indivíduo a realizar algo, do contrário, o mesmo passa a apresentar um quadro acentuado de ansiedade. Esses sintomas comumente levam tempo e causam sofrimento, trazendo prejuízo na funcionalidade em áreas importantes da vida”, falou.

Ainda conforme Vital, existe ainda o Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social. Neste a pessoa apresenta os sintomas em situações sociais, onde é observado por outras pessoas, como assinatura de documentos, enquanto come, se apresenta diante de outros etc. Nesses casos, o indivíduo começa a apresentar tremores, suor excessivo, vermelhidão, dificuldade de concentração, palpitação, tontura e sensação de desmaio.

“Podemos citar também o Transtorno de Ansiedade Generalizada, onde a sensação de ansiedade oscila ao longo do tempo, mas não acontece em forma de ataque, de maneira mais aguda e nem se relaciona com situações específicas. A pessoa se sente ansiosa na maioria dos dias e por longos períodos que podem se estender por meses e até anos. Os principais sintomas incluem expectativa apreensiva ou preocupação exagerada”, falou.

“Tem ainda o Transtorno de ansiedade na infância. Nessas faixas etárias, os transtornos de ansiedade se manifestam basicamente por meio de sintomas físicos, como: Dor de cabeça; Dor na barriga; Dor nas pernas; Alteração nos padrões de sono e apetite. Crianças e adolescentes podem não conseguir explicar com clareza suas emoções, o que dificulta aos responsáveis identificar uma ansiedade excessiva. Para isso, alguns sinais podem ser observados: Apresentar angústia constante; Querer ficar sempre próxima dos responsáveis; Não ter mais interesse em ir para a escola ou mudança repentina no desempenho acadêmico; Apresentar um medo sem justificativa; Deixar de realizar suas atividades diárias como estudar, brincar, cantar ou praticar esportes; Se assustar com pequenas coisas; Apresentar uma preocupação excessiva e constante com a saúde”, emendou.

Conforme Vital, entre crianças, adolescentes e adultos, as mudanças no padrão comportamental e que levam a prejuízos nas atividades diárias são fatores cruciais e devem ser investigadas. Médico generalista, clínico geral, ginecologista, cardiologista, geriatra, pediatra e demais categorias médicas são capacitadas a identificar, diagnosticar e tratar os transtornos de ansiedade.

Vital relembra que o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atendimento para pessoas em sofrimento psíquico por meio dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o cuidado e desempenha papel fundamental na abordagem dos Transtornos Mentais, principalmente os leves e moderados, não só por sua capilaridade, como também por conhecer a população, o território e os determinantes sociais que interferem nas mudanças comportamentais, dispondo de melhores condições para apoiar o cuidado.

“Diferentes níveis de complexidade compõem o cuidado, sendo os CAPS – Centro de Atenção Psicossocial, em suas diferentes modalidades, pontos de atenção estratégicos da RAPS. Serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar, podem ser encontrados”, finalizou.

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