Com Jerominho, 56 políticos foram baleados no Rio

Assassinado na tarde de ontem (4), o ex-vereador carioca Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho, foi o 56º político baleado na região metropolitana do Rio de Janeiro nos último seis anos. Os dados são do Instituto Fogo Cruzado, que mantém uma plataforma e um aplicativo voltados para o monitoramento de tiroteios e seus impactos em centros urbanos. São reunidos diversos indicadores sobre violência armada, inclusive a ocorrência de mortos e feridos através do disparo de armas de fogo.

Os dados apontam que, dos 56 políticos baleados, 47 morreram e nove ficaram feridos. Somente neste ano já são três ocorrências, sem sobreviventes.

Exercendo dois mandatos, Jerominho foi vereador entre 2001 e 2008. Ele foi vítima de uma emboscada de homens que estavam em um veículo branco e cercaram seu carro. Embora tenha sido socorrido e levado para o Hospital Oeste D’Or, o ex-vereador não resistiu aos ferimentos. Seu cunhado, o empresário Maurício Raul Atallah, o acompanhava e também foi atingido, e foi internado no Hospital Rocha Faria em estado grave.

Jerominho é apontado como um dos fundadores da Liga da Justiça, considerada a primeira milícia do Rio de Janeiro. O grupo atua na zona oeste e é acusado de homicídios, extorsões e comércio irregular na venda de água e botijões de gás. O ex-vereador esteve preso entre 2007 e 2018. Suas atividades também foram denunciadas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, instaurada em 2008 na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Em dezembro do ano passado, foi novamente detido em operação da Polícia Civil, acusado de participação em extorsões a motoristas de transporte alternativo na zona oeste. Uma semana depois, no entanto, a prisão foi revogada. No início desse ano, ele chegou a anunciar sua pré-candidatura a deputado federal.

“No meio dessa mistura entre poder político e poder ilegal, crimes acontecem”, diz a socióloga Maria Isabel Couto, diretora de programas no Instituto Fogo Cruzado. Segundo ela, a zona oeste precisa de uma atenção especial porque grande parte dos bairros sofre com a atuação de milícias. Maria Isabel afirma que há atualmente um racha na Liga da Justiça, que ainda é o principal grupo. “Precisamos pensar a política de segurança a partir das dores da população e dos impactos da violência armada”, pontua.

Dados do Instituto Fogo Cruzado também chamam atenção para os disparos contra políticos na Baixada Fluminense, que integra a região metropolitana do Rio de Janeiro e é composta por 13 municípios. Um relatório divulgado há cerca de dois anos mostrou um cenário preocupante. A Baixada Fluminense concentrava 76% desses crimes ocorridos na região metropolitana entre 2016 e 2020. Em maio desse ano, o ex-candidato a vereador em Nova Iguaçu (RJ), Rogério Nunes de Oliveira, morreu após dez dias internado em estado grave. Conhecido como Dudu da Kombi, ele também foi alvo de uma emboscada.

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