Reação a golpismo foi “qualitativamente superior” à dos EUA, diz Dino

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse hoje (10) que a reação das instituições brasileiras à ação de vândalos e golpistas que, no último domingo (8), invadiram e depredaram a sede dos Três Poderes “qualitativamente superior” à dos órgãos norte-americanos quando o Capitólio, sede do Poder Legislativo dos Estados Unidos, foi invadido em janeiro de 2021.

“O fenômeno é o mesmo”, disse Dino, comparando os dois episódios, que ele associou a “tempos estranhos”. “Mas Deus abençoou o Brasil. Porque não obstante o Capitólio brasileiro tenha sido verificado [ocorrido], aqui não houve mortes. E aqui, graças à ação das autoridades, mais pessoas foram presas [do que nos EUA]. Então, aos que tiverem complexo de inferioridade, digo sem medo de errar: a resposta brasileira ao golpismo foi qualitativamente superior à verificada em outras partes do mundo”, acrescentou Dino. Ele discursou durante a cerimônia de posse do novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, realizada na manhã desta terça-feira, em Brasília.

O ministro foi questionado sobre se as consequências do ataque às instituições brasileiras não poderiam ter sido tão graves quanto nos Estados Unidos – onde cinco pessoas morreram –, caso os vândalos e golpistas tivessem agido durante a semana, e não em um domingo. Dino insistiu na comparação, citando o grande número de pessoas detidas no Brasil e a rápida identificação de alguns dos financiadores dos atos antidemocráticos.

“Faço questão de assinalar que, não obstante óbvias especificidades, tanto nos Estados Unidos, quanto aqui, houve estes eventos extremos, agressivos, violentos. No caso brasileiro, graças a Deus, não tivemos morte. E tivemos uma resposta firme. Quando alguém, daqui a alguns anos, analisar estes fatos perante o tribunal da História, enxergará que, desde o primeiro momento, a responsabilização ocorreu. Tanto que, neste momento, temos milhares de pessoas presas. E outras prisões ocorrerão ainda hoje”, afirmou o ministro.

Ontem, o Exército e a Polícia Militar do Distrito Federal desocuparam a área em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Centenas de pessoas estavam acampadas no local desde os primeiros dias de novembro de 2022. Elas rejeitam a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última eleição presidencial e propõem uma série de medidas antidemocráticas – como uma intervenção militar.

Segundo a governadora do DF em exercício Celina Leão, cerca de 1,5 mil pessoas foram detidas no local por envolvimento nos atos de vandalismo. O ministro da Justiça, no entanto, disse que o número de presos ainda não é definitivo.

“Vamos concluir os procedimentos de polícia judiciária hoje, ao longo do dia. Estamos falando da maior operação de polícia judiciária da história do Brasil, o que envolve complexidades. Estamos falando de milhares de pessoas presas simultaneamente. Temos equipes trabalhando lá, fazendo as oitivas, lavrando autos de apreensão e de prisão em flagrante, e houve algumas situações humanitárias solucionadas ontem mesmo. Nossa expectativa é de que, ainda hoje, tenhamos um número definitivo”, concluiu Dino.

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