Até o primeiro trimestre de 2023, 88,2% da população de 5 anos ou mais haviam tomado pelo menos duas doses da vacina contra a covid-19, ou seja, tinham o esquema primário de vacinação contra a doença completo. Esta é a média da população como um todo.
Na estratificação dos dados, entre as pessoas com 18 anos ou mais, 92,3% tomaram duas doses ou mais, enquanto para a população de 5 a 17 anos esse percentual foi de 71,2%. Além disso, 3,4% dos adultos de 18 anos ou mais não tinham tomado nenhuma dose da vacina até o momento da pesquisa, percentual que sobe para 14,8% entre crianças e adolescentes de 5 a 17 anos.
Os dados são do módulo sobre covid-19 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), realizada em convênio com o Ministério da Saúde e divulgada hoje (24) pelo IBGE.
Rosa Dória, analista da pesquisa, ressalta que “o questionário foi elaborado no primeiro semestre de 2022 e baseado nas diretrizes de vacinação e testagem vigentes à época, sendo aplicado no primeiro trimestre de 2023 para as pessoas de 5 anos ou mais, população para a qual a vacinação estava autorizada até então”.
93,9% tomaram pelo menos uma dose da vacina
No primeiro trimestre de 2023, 93,9% da população de 5 anos ou mais (188,3 milhões de pessoas) haviam tomado pelo menos uma dose de vacina contra a covid-19. Entre os homens, 93,0% (90,8 milhões) tinham tomado pelo menos uma dose, percentual que sobe para 94,8% entre as mulheres (97,5 milhões).
Nas áreas urbanas, 94,2% (164,2 milhões) das pessoas de 5 anos ou mais tomaram pelo menos uma dose de algum imunizante contra a covid-19, enquanto nas áreas rurais esse percentual foi 92,3% (24,1 milhões). O Sudeste, região mais populosa do Brasil, registrou a maior proporção de pessoas de 5 anos ou mais com, pelo menos, uma dose de vacina (95,9%), seguida das regiões Nordeste (94,0%); Sul (93,1%); Centro-Oeste (91,0%); e Norte (88,2%).
58,6% tomaram todas as doses recomendadas
Entre as pessoas de 5 anos ou mais de idade que tomaram alguma dose de vacina contra a doença, mais da metade (58,6%) disseram ter tomado todas aquelas recomendadas para si até o primeiro trimestre de 2023, com maior proporção entre os moradores das áreas urbanas (59,5%) do que entre moradores das áreas rurais (51,8%) e maior proporção entre as mulheres (60,4%) do que entre os homens (56,5%).
Na análise por grandes regiões, destaca-se, novamente, a Sudeste com o maior percentual de pessoas vacinadas com as doses recomendadas (64,5%). As regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste apresentaram percentuais muito próximos (respectivamente, 56,9%, 55,4% e 55,2%). Por outro lado, apenas 43,8% das pessoas dessa faixa etária na Região Norte tomaram o número de doses recomendadas, sendo esse percentual ainda menor na área rural (37,9%).
Com relação à faixa etária, os percentuais de pessoas de 5 a 17 anos e de 18 anos ou mais que tomaram todas as doses recomendadas foram similares na Região Sudeste; maior entre os adultos nas regiões Norte e Nordeste; e maior entre as crianças e adolescentes nas regiões Sul e Centro-Oeste.
Falta de tempo, esquecimento ou desinteresse
A pesquisa investigou também os motivos pelos quais 38,6% das pessoas de 5 anos ou mais de idade que iniciaram o esquema vacinal não haviam tomado todas as doses recomendadas. Os principais motivos alegados foram “por esquecimento ou falta de tempo” (29,2%), seguido por “não acha necessário, tomou as doses que gostaria e/ou não confia na vacina” (25,5%), que, juntos, representaram 54,7% do grupo em questão. Motivações como “está aguardando ou não completou o intervalo para tomar a próxima dose” (17,5%) e “medo de reação adversa ou teve reação forte em dose anterior” (16,5%) também foram frequentes.
84,3% das crianças e adolescentes com duas doses
Entre as pessoas de 5 a 17 anos de idade vacinadas contra a covid-19, 84,3% tinham tomado pelo menos duas doses do imunizante até o primeiro trimestre de 2023, sendo o esquema vacinal primário completo o mais comum: 50,5% tinham duas doses e 33,8% tinham 3 doses ou mais.
Quase 77% dos adultos vacinados com três doses ou mais
Entre os adultos, o esquema vacinal com alguma dose de reforço se mostrou majoritário, com 76,9% das pessoas de 18 anos ou mais com, pelo menos, três doses de imunizante contra a covid-19. Esse percentual variou conforme a Grande Região: 64,5% no Norte; 67,0% no Centro-Oeste; 73,4% no Sul; 78,5% no Nordeste; e 81,2% na Sudeste. “Cabe lembrar que a imunização dos adultos se iniciou pelo grupo de idosos e de prioritários. Por conta disto, muitas pessoas que seguiram as recomendações vacinais no tempo adequado já estavam com quatro ou mais doses no primeiro trimestre de 2023, alcançando 42,4% dos adultos”, destaca a analista da pesquisa.
Já as pessoas que não haviam tomado vacina até o momento da pesquisa representaram 5,6% da população de 5 anos ou mais. O grupo mais jovem foi o que teve uma proporção maior de não vacinados: 14,8% do total de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade. Esse percentual foi maior nas regiões Norte e Centro-Oeste, com 23,0% e 22,4%, respectivamente. Entre os adultos, 3,4% deles não se vacinaram, proporção que alcançou 7,4% na Região Norte.
Medo de reação ou de injeção, principal motivo para não tomar
Entre as pessoas de 5 anos ou mais não-vacinadas até o primeiro trimestre de 2023, mais de um terço (33,7%) alegou ter “medo de reação adversa ou de injeção”, 26,3% disseram “não confiar ou não acreditar na vacina”, 24,2% responderam “não acha necessário, acredita na imunidade e/ou já teve covid” e 5,1% alegaram motivos de “recomendação por profissional de saúde”.
Entre as crianças e adolescentes, o “medo de reação adversa ou de injeção” correspondeu ao maior percentual (39,4%), seguido por “não acha necessário, acredita na imunidade e/ou já teve covid” (21,7%) e “não confia ou não acredita na vacina” (16,9%). “No caso das crianças e adolescentes, é possível que tal decisão tenha sido dos pais ou responsáveis”, ressalta Rosa.
Entre os adultos, o motivo mais citado foi “não confia ou não acredita na vacina” (36,0%). Mostraram-se também importantes as alegações: “medo de reação adversa ou de injeção” (27,8%) e “não acha necessário, acredita na imunidade e/ou já teve covid” (26,7%).
Resumo da pesquisa
•Até o primeiro trimestre de 2023, 88,2% da população de 5 anos ou mais haviam tomado pelo menos duas doses da vacina contra a covid-19, ou seja, tinham o esquema primário de vacinação completo. Essa taxa foi de 71,2% para pessoas de 5 a 17 anos e de 92,3% para pessoas de 18 anos ou mais.
•Além disso, 14,8% das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos não tinham tomado nenhuma dose da vacina até o momento da pesquisa, percentual que é de 3,4% para os adultos de 18 anos ou mais.
•Os principais motivos alegados para não tomar todas as doses recomendadas foram “por esquecimento ou falta de tempo” (29,2%), seguido por “não acha necessário, tomou as doses que gostaria e/ou não confia na vacina” (25,5%), que, juntos, representaram 54,7% do grupo em questão.
•Já em relação as pessoas que não tomaram nenhuma dose da vacina, entre crianças e adolescentes, medo de reação adversa (39,4%) foi o principal motivo e, entre os adultos, 36,0% “não confiam ou não acreditam na vacina”.
•Considerando a população de 5 anos ou mais, 27,4% tiveram covid-19 confirmada por teste ou diagnóstico médico. •Quando incluída a opção da autopercepção, o total de pessoas que tiveram ou consideram que tiveram covid sobe para 34,3%.
•Para o total de pessoas que tiveram covid-19 ou consideram tê-la desenvolvido, a grande maioria teve a doença uma única vez (67,2%), enquanto 31,4%, duas vezes ou mais.
•Entre quem teve ou considera que teve a doença, 89,7% tiveram sintomas na primeira vez, ou única, enquanto 10,0% foram assintomáticos. Adicionalmente, 4,2% das pessoas que tiveram ou consideram que tiveram covid-19, além de apresentar sintomas, precisaram ser internadas.
•Entre as pessoas com sintomas que não haviam tomado nenhuma dose da vacina quando tiveram covid-19, considerando a primeira (ou única) infecção, 5,1% precisaram ser internadas; entre as que haviam tomado uma dose, 3,9% precisaram ser internadas; e entre as que haviam tomado duas doses ou mais, 2,5% precisaram ser internadas.
•Entre as pessoas que tiveram ou consideram que tiveram covid. 23,0% relataram a permanência ou surgimento de sintomas após 30 dias, percentual maior entre adultos de 18 anos ou mais (24,7%) do que entre crianças e adolescentes de 5 a 17 anos (7,3%).
27,4% tiveram covid-19 confirmada
Estima-se que 55 milhões de pessoas tiveram, pelo menos uma vez, covid-19 confirmada por teste ou diagnóstico médico até o primeiro trimestre de 2023. Isso significa um percentual de 27,4% da população de 5 anos ou mais de idade no Brasil, com maior proporção entre mulheres (29,1%%) do que entre homens (25,7%).
“Perguntamos paras as pessoas se elas tiveram covid-19 a partir de três perguntas: se ela teve algum teste positivo, tanto PCR quanto de antígeno; se ela recebeu um diagnóstico médico da doença, sem ter tido a confirmação por teste, situação que aconteceu mais no início da pandemia em situações de escassez de teste; e se ela considera que teve covid, por autopercepção, visto que, por exemplo, pode não ter tido acesso ou procurado testagem ou a atendimento de saúde, mas acredita que teve a doença”, explica Rosa.
Quando incluída a opção da autopercepção, que perguntou se a pessoa considera que teve covid-19 em alguma ocasião em que não houve confirmação por teste ou por diagnóstico médico, o total de pessoas que tiveram ou consideram que tiveram covid sobe para 34,3%.
Ainda para o total de pessoas que tiveram covid-19 confirmada ou consideram ter tido, foi perguntado o número de vezes em que isso ocorreu. Observa-se que a grande maioria teve a doença uma única vez (67,2%), enquanto 31,4%, duas vezes ou mais.
Na área urbana, o percentual de pessoas que desenvolveram a doença por duas vezes ou mais (31,9%) foi maior do que o observado na área rural (26,6%). Entre as regiões, a Centro-Oeste (35,6%) e a Norte (33,0%) apresentaram os percentuais mais altos de pessoas que tiveram a doença duas vezes ou mais, e a Nordeste, por sua vez, registrou a maior proporção de pessoas que a desenvolveram apenas uma vez (70,6%).
Percentual de internados foi maior entre os não vacinados
Para quem teve ou considera que teve covid-19, também foi perguntado sobre a ocorrência de sintomas na primeira vez, ou única, em que tiveram a doença: 89,7% tiveram sintomas, enquanto 10,0% foram assintomáticos. Adicionalmente, 4,2% das pessoas que tiveram ou consideram que tiveram covid-19, além de apresentar sintomas, precisaram ser internadas.
“É possível ainda relacionar a ocorrência de internação com a vacinação, lembrando que o objetivo da imunização é a proteção contra a forma grave da doença. Nesse sentido, verifica-se que, entre os não vacinados, o percentual de internados foi maior do que entre os vacinados”, pontua a analista.
Entre as pessoas que não haviam tomado nenhuma dose da vacina quando tiveram ou consideram que tiveram covid-19 pela primeira ou única vez, 5,1% precisaram ser internadas; entre as que haviam tomado uma dose, 3,9% precisaram ser internadas; e entre as que haviam tomado duas doses ou mais, 2,5% precisaram ser internadas.
Um em cada quatro contaminados relataram sintomas após 30 dias
Entre as pessoas que tiveram ou consideram que tiveram covid – 23,0% relataram a permanência ou surgimento de sintomas após 30 dias, percentual maior entre adultos de 18 anos ou mais (24,7%) do que entre crianças e adolescentes de 5 a 17 anos (7,3%)
Entre os sintomas mencionados, cansaço/fadiga foi o mais frequente (39,1%), seguido por perda/alteração de olfato e paladar (28,8%); dor no corpo, muscular (mialgia) ou nas articulações (28,3%); e problema de memória/atenção ou dificuldade na fala com (27,1%).
Mais sobre a pesquisa
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em parceira com o Ministério da Saúde, abordou a temática da covid-19 na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua, no primeiro trimestre de 2023. Para isso, foi incluído no questionário da pesquisa, um módulo suplementar de perguntas, aplicado a todos os moradores de 5 anos ou mais de idade do domicílio para a investigação de aspectos relacionados à doença, incluindo a vacinação, a ocorrência da infecção e a persistência de seus sintomas. Os indicadores são apresentados por grupos etários e sexo, para o conjunto do país, grandes regiões, incluindo, em alguns casos, desagregações segundo as áreas urbana e rural e por unidades da federação.
Por: Agência Gov | via IBGE